Chegava dezembro e não chegava outubro...
Saí de São Paulo no dia 08 de outubro de 2015, por volta das 22h. Cheguei em Santiago por volta da 1:30h. Um frio tão absurdo que não me atrevi chegar perto da porta de saída do aeroporto. Eu tinha que esperar até o dia seguinte para entrar no apartamento que havia alugado.
Andei por todo o aeroporto em busca de uma tomada pra carregar meu celular. Descobri serem inexistentes. Eis que descobri uma tomada e um banquinho no banheiro! E ali fiquei até às 8h da manhã tentando parir uma conexão de Internet; também inexistente.
Saio do aeroporto naquela manhã fria e descubro que atravessando a rua havia um hotel, mas vamos esquecer esse detalhe.
Finalmente consegui uma conexão por tempo suficiente para avisar que eu pegaria o ônibus das 8:30h rumo à Estação Central, onde ele iria me encontrar. Passei o voo todo, a noite toda e toda aquela viagem de ônibus acreditando, ou querendo acreditar, no que uma amiga havia dito: "Amiga, vai lá, curte, mas volta e esquece. Vocês perceberem que querem ficar juntos e que foram feitos um para o outro é muito conto de fadas..."
Cheguei na Estação Central e ele, obviamente não estava lá. Tive medo de ele não aparecer, fiquei ansiosa e eis que, meia hora depois, vejo ao longe aquela figura que eu só conhecia por foto e que habitava a minha imaginação. Lembrar disso, até hoje, me da frio na barriga.
Ele parou na minha frente, a gente sorriu um para o outro, eu me levantei e disse o pior coisa que podia ter dito: "Wow, você demorou! Onde raios você estava?" Ele não disse nada. Só olhou no fundo dos meus olhos e me abraçou. Não como alguém que ele encontrava pela primeira vez, mas como alguém que ele não via a uma eternidade e estava reencontrando.
Ele respirava fundo, achei que ele fosse chorar e isso meio que cortou minhas sensações... Eu fiquei sem ação, segurei nos ombros dele e disse: "Hey! Está tudo bem, tô aqui!". Ele continuou mudo, segurou no eu rosto e me beijou. Me beijou como eu nunca havia sido beijada. Eu parecia estar sendo inundada por lembranças que não podiam existir, afinal, era a primeira vez que nos víamos!
Finalmente ele falou! E fomos conversando até o apartamento que eu havia alugado.
O anfitrião nos recebeu, nos deu a chave e foi embora. eu precisava dormir, estava um caco, havia passado a noite em claro. Deitei na cama e ele perguntou se podia se deitar comigo. HELLOOO!!!! Óbvio!
Eu tentei dormir, mas não conseguia relaxar, estava muito agitada com tudo. Decidi tomar um banho e vestir uma roupa de dormir, leia-se uma camisola preta, de cetim e renda, curta, comprada para a possibilidade daquele momento realmente acontecer.
Estávamos deitados, nos olhando nos olhos e ele disse: Te amo. Não, ele não me disse I love you, ele me disse em bom espanhol "Te Amo". Eu não consigo explica com clareza o que senti, mas foi como se, pela primeira vez, alguém disse que me amava e eu sabia exatamente o que ele queria expressar, era como se aquelas palavras se materializassem... Não sei explicar...
Nunca havíamos nos visto, mas não havia tensão ou medo. Havia apenas uma sensação de conforto, de pertencimento, como se ambos estivéssemos exatamente onde deveríamos estar e, é claro, transamos. Não, não transamos. Fizemos amor, por mais brega que isso possa soar. Foi incrível, foi perfeito, foi tudo o que deveria ser e mais um pouco.
Naquele momento não existia mais ninguém, apenas nós dois.
Nos abraçamos, tomamos banho e saímos para comer, estávamos obviamente mortos de fome e eu queria ver a cidade.
Foi um dia lindo. Saímos, comemos pizza num balcão, ele me levou à Biblioteca Nacional e, eventualmente, a realidade bateu à porta. Era hora de ele voltar pra casa, pra esposa, pros filhos. Ele me levou de volta, mas não chegou perto da porta do prédio. Disse que se subisse, não voltaria mais pra casa e ambos sabíamos que as coisas não deveriam ser feitas daquela forma. E, é claro, ele tinha razão.
Foi um dia inesquecível, passei a noite com um sorriso no rosto, mas é claro que a semana nos reservava mas do que apenas bons momentos. Não sairíamos impunes por ousar ter momentos de tanta felicidade...