quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Maktub

Chegava dezembro e não chegava outubro...
Saí de São Paulo no dia 08 de outubro de 2015, por volta das 22h. Cheguei em Santiago por volta da 1:30h. Um frio tão absurdo que não me atrevi chegar perto da porta de saída do aeroporto. Eu tinha que esperar até o dia seguinte para entrar no apartamento que havia alugado.
Andei por todo o aeroporto em busca de uma tomada pra carregar meu celular. Descobri serem inexistentes. Eis que descobri uma tomada e um banquinho no banheiro! E ali fiquei até às 8h da manhã tentando parir uma conexão de Internet; também inexistente.
Saio do aeroporto naquela manhã fria e descubro que atravessando a rua havia um hotel, mas vamos esquecer esse detalhe.
Finalmente consegui uma conexão por tempo suficiente para avisar que eu pegaria o ônibus das 8:30h rumo à Estação Central, onde ele iria me encontrar. Passei o voo todo, a noite toda e toda aquela viagem de ônibus acreditando, ou querendo acreditar, no que uma amiga havia dito: "Amiga, vai lá, curte, mas volta e esquece. Vocês perceberem que querem ficar juntos e que foram feitos um para o outro é muito conto de fadas..."
Cheguei na Estação Central e ele, obviamente não estava lá. Tive medo de ele não aparecer, fiquei ansiosa e eis que, meia hora depois, vejo ao longe aquela figura que eu só conhecia por foto e que habitava a minha imaginação. Lembrar disso, até hoje, me da frio na barriga.
Ele parou na minha frente, a gente sorriu um para o outro, eu me levantei e disse o pior coisa que podia ter dito: "Wow, você demorou! Onde raios você estava?" Ele não disse nada. Só olhou no fundo dos meus olhos e me abraçou. Não como alguém que ele encontrava pela primeira vez, mas como alguém que ele não via a uma eternidade e estava reencontrando.
Ele respirava fundo, achei que ele fosse chorar e isso meio que cortou minhas sensações... Eu fiquei sem ação, segurei nos ombros dele e disse: "Hey! Está tudo bem, tô aqui!". Ele continuou mudo, segurou no eu rosto e me beijou. Me beijou como eu nunca havia sido beijada. Eu parecia estar sendo inundada por lembranças que não podiam existir, afinal, era a primeira vez que nos víamos!
Finalmente ele falou! E fomos conversando até o apartamento que eu havia alugado.
O anfitrião nos recebeu, nos deu a chave e foi embora. eu precisava dormir, estava um caco, havia passado a noite em claro. Deitei na cama e ele perguntou se podia se deitar comigo. HELLOOO!!!! Óbvio!
Eu tentei dormir, mas não conseguia relaxar, estava muito agitada com tudo. Decidi tomar um banho e vestir uma roupa de dormir, leia-se uma camisola preta, de cetim e renda, curta, comprada para a possibilidade daquele momento realmente acontecer.
Estávamos deitados, nos olhando nos olhos e ele disse: Te amo. Não, ele não me disse I love you, ele me disse em bom espanhol "Te Amo". Eu não consigo explica com clareza o que senti, mas foi como se, pela primeira vez, alguém disse que me amava e eu sabia exatamente o  que ele queria expressar, era como se aquelas palavras se materializassem... Não sei explicar...
Nunca havíamos nos visto, mas não havia tensão ou medo. Havia apenas uma sensação de conforto, de pertencimento, como se ambos estivéssemos exatamente onde deveríamos estar e, é claro, transamos. Não, não transamos. Fizemos amor, por mais brega que isso possa  soar. Foi incrível, foi perfeito, foi tudo o que deveria ser e mais um pouco.
Naquele momento não existia mais ninguém, apenas nós dois.
Nos abraçamos, tomamos banho e saímos para comer, estávamos obviamente mortos de fome e eu queria ver a cidade.
Foi um dia lindo. Saímos, comemos pizza num balcão, ele me levou à Biblioteca Nacional e, eventualmente, a realidade bateu à porta. Era hora de ele voltar pra casa, pra esposa, pros filhos. Ele me levou de volta, mas não chegou perto da porta do prédio. Disse que se subisse, não voltaria mais  pra casa e ambos sabíamos que as coisas não deveriam ser feitas daquela forma. E, é claro, ele tinha razão.
Foi um dia inesquecível, passei a noite com um  sorriso no rosto, mas é claro que a semana nos reservava mas do que apenas bons momentos. Não sairíamos impunes por ousar ter momentos de tanta felicidade...

Amor ou amizade?

Agora é hora de percorrer os últimos 14 anos da minha vida...
Como já relatado, nos idos de 2002, ainda no relacionamento relevante número 3, conheci um garoto chileno no skype, quando ambos buscávamos alguém para praticar a língua inglesa. Eu, com quase 22 anos, para um menino de 18, me tornava uma "mulher mais  velha", interessante, vivendo um relacionamento aberto... Não demorou para praticarmos nosso inglês em sessões de cyber sex :p
Nos falamos regularmente por dois anos, até eu engatar no relacionamento 4, com um bom menino católico, cheio de tradicionalismos e culpas cristãs, que nunca aceitaria tal relacionamento. Conversamos sobre isso e concordamos em ser apenas bons amigos.
Ao longo dos 11 anos seguintes acabamos nos tornando melhores amigos, compartilhávamos tudo e ficávamos, inclusive, longos períodos de tempo sem nos falar tamanha era a grandeza da nossa amizade, pois quando nos "reencontrávamos" era como se o tempo não tivesse passado. Eu vi aquele menino magricela, de cabelos longos se tornar um homem, até o dia que ele me deixou em pânico: Conheci uma mulher 9 anos mais velha, ela tem um filho - que tinha a idade do irmão mais novo  dele - estou apaixonado e decidimos ter um filho.
Eu tentava absorver aquela informação ao mesmo tempo que tentava convence-lo de que "é cilada Bino!". Afinal quem, em sã consciência, tem um filho de 4 ou 5 anos, cujo pai não está nem aí pro vai da valsa, e aceita ter outro filho de um menino 9 anos mais novo, sem emprego fixo?
Surtei, tentei demovê-lo da ideia de toda forma e ouvi: você está falando como a minha mãe, o mundo está contra mim, mas eu já decidi. confesso que me deu um frio na espinha...
Eles se casaram em julho de 2011 e em agosto nasceu aquela coisinha que iria amar de forma imensurável... Eu me lembro das fotos, aquele serzinho minúsculo nos braços dele e ele com um olhar que misturava pânico, descrença e um amor incondicional. Dias depois do nascimento, ele me mandou uma foto dele dando banho nela e ela tinha uma mancha de nascença absolutamente igual à da minha sobrinha, que havia nascido uns dois anos antes. Confesso que aquilo mexeu comigo.
A esposa dele é bipolar e a necessidade de parar com os remédios durante a gravidez a colocou numa terrível depressão pós parto, a segunda, afinal o mesmo havia ocorrido com o primeiro filho.
Nesse momento eu comecei a ver aqueles olhos lindos e cheios de vida se apagarem, ele estava exausto, triste e culpado após uma tentativa de suicídio dela. Ele sentia culpa por ter ido a uma reunião da turma da faculdade que a fez levantar suspeitas de uma traição que nunca ocorreu, culpado por tê-la engravidado e a colocado naquela depressão, cansado da carga de trabalho e da grana curta, mas ele nunca desistiu, pois tinha um garoto que ele criou como dele e uma garotinha que precisava do pai. Passamos por tudo isso juntos, compartilhávamos nossos problemas e dividíamos o peso.
Após a morte do meu sogro, ficamos mais próximos do que nunca, nos apoiávamos e então tivemos a coragem de tocar num assunto sensível: o que sentimos um pelo outro?
Então a gente percebeu que era mais do que apenas uma amizade virtual, afinal, esse contato já durava anos! Já havíamos sido "amantes virtuais", sabíamos o que havia de mais baixo sobre o outro, nunca nos julgamos e continuávamos amigos mesmo depois de tantos anos, mas mais que isso, nos sentíamos atraídos um pelo outro.
Durante quase dois anos discutimos nossa relação, fomos ao fundo dela. Ambos confessamos que nos sentíamos atraídos e que várias vezes havíamos pensado em largar tudo pra visitar o outro e ver que bicho dava.
Em julho de 2015, como ele gosta de dizer, causei um mini infarto quando mandei uma foto da passagem aérea... Três meses nunca demoraram tanto a passar...

Vamos falar de relacionamentos - parte 4

Onze anos... É um bom tempo! ficamos juntos de outubro de 2004 a outubro de 2015, tivemos altos e baixos, um apartamento e um balanço tão positivo que ainda  somos amigos!
Eu penso que nem tenho muito o que falar, pois nosso relacionamento foi absolutamente normal...
Ele, uns dois anos mais novo que eu, uma mãe extremamente controladora que até foi contra o nosso relacionamento até o dia que terminamos, mesmo que já morássemos juntos há alguns anos; um pai que era um doce e cuja morte foi o início do fim do nosso relacionamento e um irmão mais novo completamente negligenciado pela mãe.
Para a minha família foi um choque que eu deixasse um "homem mais velho" por um moleque cabeludo que vivia com o violão nas costas, mas não demorou para deixarem a imagem de lado e verem quem ele realmente era, assim ele se tornou o queridinho da família.
Tivemos muitos atritos por conta da mãe dele, da obsessão pelo violão, da passividade... Às vezes acho que por ser muito forte e decidida, acabo atraindo homens passivos... Sei lá...
Foi meu relacionamento mais saudável, ambos tínhamos vida própria além do namoro, saíamos e viajávamos tanto juntos quanto separados, era tudo ótimo, mas eu sempre quis mais. Não dele, da vida. Eu queria viajar mais, morar fora, ter novas experiências, mas o controle materno o impedia de compartilhar essas metas comigo. Ele até sonhava, mas daí a transformar o sonho em meta havia uma larga distância.
Quando nos formamos, compramos um apartamento na planta planejando nos casar em três anos, assim que o apartamento ficasse pronto. Só recebemos o apartamento 7 anos depois! Parecia que a vida já estava nos encaminhando para algo diferente do que imaginávamos.
Em 2012, decidimos processar a construtora e irmos morar juntos para que eles arcassem com nossas despesas, funcionou. Um ano depois, vendo que não entraríamos em nenhum tipo de acordo furado, eles finalmente nos propuseram a troca por uma unidade que já estava pronta.
O pai dele havia falecido em agosto de 2013, e naquele dia eu senti que era o fim. Eu sabia que ele se deixaria levar pelas chantagens da mãe e, infelizmente, estava certa. Embora todos morássemos na mesma cidade, ele passou uma semana na casa da mãe e eu sozinha. Minha companhia era aquele garoto chileno, que falava comigo até eu me acalmar e dormir.
Em dezembro daquele ano recebemos a proposta da construtora e eu acreditei que seria um sopro de vida para o nosso  relacionamento. De fato foi, sobrevivemos por quase dois anos.
Ele era efetivo do Estado, eu temporária na Prefeitura e assim íamos vivendo. em maio de 2015, dois fatos contrastantes: a felicidade de ser efetivada na Prefeitura e uma situação pessoal tensa que prefiro não expor, as que foi uma espécie de chamado, um "wake  up call" que me mostrou que já era hora de encaminhar aquele relacionamento para um fim. Mas eu sou brasileira e não desisto nunca, não é mesmo?
Decidi que faria uma viajem sozinha, tinha duas opções: Buenos  Aires com uma amiga ou Santiago, sozinha. Num desses empurrões do destino, minha amiga dei pra trás e, em julho, comprei minha viajem de uma semana para  Santiago, que ocorreria em outubro.
Nesse momento também decidi que era hora de olhar pra mim e deixar de pesar 126,5g. Na primeira semana de agosto iniciei o Projeto Magro Pra Sempre da Herbalife. Até o momento emagreci 30 Kg e só não emagreci mais porque a situação financeira apertou, o stress aumentou e eu cedi a alguns maus hábitos, mas prometo  voltar à linha tão breve quanto possível.
Outubro chegou e eu viajei com a certeza de que na volta eu iria decidir minha vida definitivamente e assim aconteceu. Desembarquei em São Paulo em 16/10 dois dias depois chegava ao fim mais uma história...

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Vamos falar de relacionamentos - parte 3

Devo começar dizendo que o número 3 dessa contagem já era conhecido desde os tempos do número 1. Ele foi o primeiro amigo que fiz quando me mudei para o litoral.
Eu estava num dos muitos momentos de separação do relacionamento 1 quando o conheci. Ele era o típico "gigante gentil", alto, forte, voz grossa, mas com um olhar super terno e uma inocência ímpar.
Chegamos a nos envolver, ele foi uma das vítimas do meu relacionamento 1, nos afastamos, mas ficou um quê de mal resolvido.
Eu já tinha 19 anos quando voltamos a nos envolver, tinha acabado de passar no famigerado vestibular de jornalismo, saímos por um bom tempo até ele ter a confiança de que o número 1 era carta fora do baralho.
Namoramos por 6 anos, sendo que os últimos 2 já não faziam o menos sentido... Foi uma paixão intensa, num determinado momento fomos morar juntos, mas tínhamos um relacionamento aberto, embora nenhum dos dois nunca tenha usado essa carta - até o número 4 entrar na história.
Foi uma experiência maravilhosa, ele vinha de uma família complicada, então "adotou" a minha, todo mundo o adorava e ele era ótimo, só era ruim pra ele mesmo.
Ele era um puta técnico em informática que não se formou porque a madrasta impediu que o pai pagasse a faculdade, madrasta essa que bota qualquer madrasta de conto de fadas no chinelo, ô mulher ruim da porra!
Quando fomos morar juntos, conheci muita gente online! Exploramos a novidade que era a Internet banda larga de todas as formas possíveis e imagináveis, juntos e separados.
Ele levou um golpe de ex sócio numa loja de informática, grana curta, passamos por uns bons perrengues...
Nosso relacionamento já estava desgastado, eu tentando fazer com que ele enxergasse o  potencial, se aprimorasse, parasse de fazer serviço de graça e ele, por algum motivo, ignorando. Mas é claro que, depois de terminarmos, tudo o que eu sempre pedi foi feito... Às vezes eu tenho a sensação de que minha missão na Terra é fazer homens melhores para as próximas namoradas... rsrsrsrs...
Eu, como boa companheira que sou, não queria terminar um relacionamento com o cara na merda. A família dele tinha  uma casa no ABC que foi colocada e venda e eu pensei: bom, assim que a casa for vendida e ele estiver financeiramente estruturado, eu pulo fora. É claro que essa merda só desenrolou depois que a gente terminou!
Foi no meio desse relacionamento que se desenrolou a parte 4 desse tópico e um algo a mais, que poderia ser a parte 5, mas que eu prefiro chamar de "O Grande Amor da Minha Vida.
Nos idos de 2002, eu havia acabado meu curso de inglês e passei a usar o Skype para praticar o idioma. Assim eu, com 21 anos, conheci um garoto de 18, chileno, que também queria praticar o idioma. Eu vou falar dessa amizade e de tudo relacionado a ela em outros tópicos...
Vamos ao número 4. No último ano do nosso relacionamento eu entrei na faculdade de História e conheci o chamado número 4... Cozinhei essa paixão por uns 8 meses e tive uma conversa franca com o número 3, que me disse: Temos um relacionamento aberto, viva esse tesão, mas volte pra minha cama.
Óbvio que isso não deu certo, afinal, vamos lembrar que eu já estava ensaiando pular fora há dois anos!
Então, após muito quebra-pau sobre a passividade do número 3 perante a vida e com a possibilidade de um novo amor, em outubro de 2004 esse relacionamento começou a afundar e terminou cerca de um mês depois, dando espaço ao meu relacionamento mais longo até o momento...

Vamos falar de relacionamentos - parte 2

Ah, o namorado merda de transição! Quanta alegria! Esse não vai ser um post extenso... Nessa época eu já não morava mais no interior, no meio daquele primeiro namoro minha família se mudou para a Baixada Santista.
Eu o conheci quando fugi do primeiro namorado e me refugiei justamente no interior, na casa dos meus avós. Eu tinha pouco mais de 17 anos, saí com uma amiga e ele era amigo de uns amigos dela... Deu pra entender?
Formula 1 foi o tópico que nos aproximou. ele foi super galante e gentil, me paparicou a noite toda e vocês podem imaginar o quanto eu estava precisando disso. Fui embora com a minha amiga, mas combinamos de nos ver no dia seguinte, só os dois.
É claro que a primeira coisa que eu fiz foi vomitar pra ele tudo o que eu tinha passado naquele primeiro namoro, pra ele saber onde estava  pisando e ter a certeza de que queria entrar nessa.
Namoramos por cerca de 8 meses até um acontecimento no meio do caminho nos afastar, mas não vem ao caso.
Tive um dia dos namorados super especial com direito a flores - foi a primeira vez que ganhei flores - CD do Queen, motel... Foi especial, não posso negar.
Durante uns 6 meses foi paraíso e nos últimos 2 foi o começo do fim... 
É claro que como gato escaldado tem medo de água fria, pra mim estava bom, mas eu não queria me prender 100%. Me lembro que ele contava das duas ex namoradas dizendo: Ah, coitadas, eu as traí tanto e elas nunca souberam. Bem... cof, cof... Eu o traí tanto e ele nunca soube...
Sinto que essa foi a minha forma de me vingar de todos os homens, sei lá... Verdade seja dita, nunca o traí sexualmente, mas beijei muito!
Em fim, as aulas acabaram, eu fui felizinha de férias para o interior e ele, lógico, já tinha todos os planos de me propor um acordo onde ele entrava com o pé e eu com a bunda. Mas tudo bem, fiz o melhor que eu podia, aproveitei minha solteirice! Fiquei sozinha por cerca de um ano até a parte 3 desse tópico...

Vamos falar de relacionamentos - parte 1

Parte 1? Sim, serão 4. Os 4 relacionamentos que tiveram relevância na minha vida e que tem grande responsabilidade sobre a pessoa que eu sou hoje. Vamos aos fatos:
Quase 15 anos, cheia de razão e conhecimento de vida, me deixei cair no papo furado de um cara 5 anos mais velho, inteligente, interessante, bem vestido e com um toque de sofisticação que, verdadeiramente, me faltava. Foram algumas semanas de paraíso, para 30 meses de inferno.
E quando eu digo inferno, não estou falando de drama adolescente não, estou falando de chegar ao ponto de uma medida cautelar, que vale até hoje, pra manter o caboclo longe.
Não vou ficar aqui esmiuçando minha desgraça, mas vou pontuar as questões: body shame, abuso emocional, físico e sexual, exploração, pornografia infantil, ameaça.
A exploração eu vou esmiuçar porque acho importante entender o ocorrido: ele me fazia pedir dinheiro por aí alegando que eu havia sido assaltada/ fugido de casa/ qualquer desculpa esfarrapada, e eu, no auge do meus 15, 16 anos, obviamente conseguia convencer qualquer um a me ajudar e eu tinha que conseguir, ou era surra.
Ele era TFP - procurem no Google - o que o tornava um fundamentalista religioso, além de um machista da pior espécie, naipe Bolsonaro.
Mas como eu decidi não deixar que tudo isso me fechasse para novas possibilidades, resolvi extrair o melhor dessa experiência e seguir em frente. Graças ao machismo dele, aprendi a cozinhar, lavar roupa e todas essas coisas que  no mundo machista são "de mulher"; graças à intensidade dos abusos, nunca mais deixei que ninguém me tratasse de forma desrespeitosa, e quando eu digo ninguém, é ninguém mesmo! Alunos, professores, família, amigos, namorados, peguetes... Ninguém, absolutamente ninguém.
Daí você me pergunta: mas como você ficou com esse cara por tanto tempo? E a resposta é simples: medo. Não há controle mais efetivo que o controle pelo medo. Se funcionou para nações inteiras que se submeteram a governos ditatoriais não ia funcionar pra uma menina de 15 anos? E o medo não era por mim, pois as ameaças eram covardes, contra minha família e amigos, ah, e claro me ameaçava com fotos sensuais que ele havia tirado de mim, fruto principal do processo que culminou na condenação e imposição da medida cautelar...
E é claro que depois de uma experiência dessa não poderia faltar o clássico namorado de transição de merda, tema do próximo tópico.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Hora de falar de crenças...

Como toda menina do interior, nascida ainda no período militar, fui criada como católica, porém desde cedo era uma fé que já não me servia. Sempre fui muito questionadora e observadora e não podia concordar com a típica fofoca das carolas que passavam o dia a rezar e a falar mal de quem pudessem.
A espiritualidade sempre me encantou, o sobrenatural, o incompreensível. Sempre me achei muito sensitiva e hoje tenho conhecimentos para dizer que estava certa, mas o caminho foi longo.
Passei de menina católica a descrente. Depois comecei a, eventualmente, ir ao centro da tia de uma amiga, o primeiro namorado era católico fundamentalista e eu, sem personalidade, no alto dos meus 15 anos, embarquei na dele e passei a demonizar uma série de crenças e até de atitudes; mais uns anos de descrença pós primeiro namorado e a redescoberta da espiritualidade.
Me interesso por Kardecismo, Umbanda Sagrada, todo tipo de oráculo e mediunidade, Reiki, cristais, numerologia, a Física Quântica e a Espiritualidade, astronautas antigos e tudo o que possa ser aproveitado para o bem sem explorar a fé alheia. Acredito na ciência caminhando de mãos dadas com a espiritualidade e num Jesus muito mais homem do que santo.
É claro que como boa buscadora já fui muito enganada com "resgates cósmicos" e até com médium homossexual que estava mais interessado em boicotar meu namoro do que em me ajudar. Já gastei muito nessa busca e não me arrependo, pois no final, sempre ficou o aprendizado...
Hoje a busca é solitária, leio de tudo um pouco, busco respostas em vários lugares, mas se tem algo em que acho impossível não acreditar é na Astrologia.
Sou uma mistura do pessimismo, empreendedorismo, sede de sucesso e perfeccionismo capricorniano, com a sorte de ter a capacidade de sonhar e a  forte espiritualidade pisciana. Digo que ando com a cabeça nas nuvens e os pés no chão.
Até alguns poucos anos atrás era uma capricorniana pura e insuportável, hoje tenho um pouco da leveza pisciana, mas é uma luta constante entre acreditar no sonho e me sabotar...
Hoje eu estou vivendo um momento muito intenso, num relacionamento o qual eu tentei negar por 14 anos, mas que, indubitavelmente, vem de outras existências e só estava esperando o momento correto para acontecer.
Mas esse é assunto para o próximo post.